49 anos do Opala
O carro que foi suspense durante meses antes
de seu lançamento foi um dos mais aguardados daquela época, pois era inovador,
trazia um design elegante e uma motorização potente, além de ser o primeiro
veículo de passei totalmente desenvolvido pela Chevrolet no Brasil. Outro
motivo pela ansiedade em conhece-lo foi pela forma como sua chegada foi
divulgada, em propagandas onde celebridades da época diziam a célebre frase
“Meu carro vem aí”.
O Opala foi baseado em um veículo Europeu de
porte médio, o Opel Rekord C, posteriormente conhecido como Opel Commodore,
esses veículos eram destinados ao mercado alemão e sua carroceria cairia
perfeitamente para o mercado nacional, mas havia um problema, os motores
utilizados na Alemanha não eram suficientemente fortes para o nosso mercado, a
solução? A Chevrolet do Brasil resolveu utilizar um velho conhecido, porém
modificado, o motor 6 cilindros em linha derivado dos motores utilizados nas
pick-ups e nos modelos americanos que já rodavam por aqui, como o Impala. Essa
feliz combinação gerou outro problema, que só foi resolvido anos mais tarde, os
parafusos da carroceria são na medida métrica, ou seja, e milímetros e os
parafusos do motor na medida imperial, ou seja polegadas.
Opel Rekord C |
A primeira geração do Opala, só
foi disponibilizada para venda em 1969, na versão sedan de 4 portas e motor de
6 cilindros em linha que deslocava 3.800 centímetros cúbicos, isso fez dele um
sucesso, pois entregava boa potência em conforto, por um valor bem mais
acessível que os enormes Galaxies da Ford. Existia também o motor de 4
cilindros e 2500 cilindradas, mais econômico que seu irmão maior, porém
consideravelmente mais potente do que os carros com motor 4 cilindros da época,
logo se tornou o campeão de vendas, principalmente quando a crise do petróleo
bateu em nossa porta.
Opala 1969 |
A primeira grande novidade veio em 1971 com o lançamento do primeiro Opala SS e do motor 6 cilindros de 4100 cilindradas, porém o esportivo usava a carroceria de 4 portas o que foi um balde de água fria para quem esperava um cupê, com isso, atendendo aos pedidos dos consumidores e da imprensa a Chevrolet finalmente lança o opala de duas portas, um cupê fastback que era tão elegante e agressivo que virou um dos itens mais desejados dos anos 70.
Opala SS 1971 - Ainda com a carroceria sedan |
Opala SS 1972 - Já com carroceria cupê |
Próximo do fim da primeira
geração a Chevrolet apresentou aquele, que se tornaria o item mais desejado por
jovens de várias gerações e que até hoje faz vibra o coração dos amantes de
Opala, os novos motores 6 cilindros, 250 e 250-S e os 4 cilindros, 151 e 151-S,
trouxeram inovações para a linha de 1974 e aposentaram de vez os motores
anteriores. Os novos 250-S equipavam os Opalas SS e geravam aproximadamente 172
cv de potência, o que era suficiente para levar o bólido a aproximadamente 190
Km/h, nessa época seus maiores concorrentes eram o Ford Maverick GT, que era
equipado com um V8 302 e o Dodge Charger R/T que possuía o enorme V8 318, porém
ambos eram pesados, o que fazia o Opala levar vantagem na relação
peso/potência.
Opala Especial - 1974 |
A primeira mudança estética
significativa veio em 1975, quando foi apresentada a segunda geração do Opala,
o novo desenho da frente e da traseira, trouxeram mais modernidade ao desenho
do carro, porem grande parte da carroceria continuava a mesma. No interior as
mudanças foram maiores, com o painel de instrumentos totalmente redesenhado,
novo volante e novo padrão da forração interna, foi nessa época que foram
apresentados o interior monocromático e o teto de vinil conhecido como “Las
Vegas”. O topo da linha passou a ser conhecido como Comodoro e houve a primeira
derivação da linha Opala, com a criação da perua Caravan, que somente em 1978
ganhou sua versão SS. Os motores continuaram os mesmos, com pequenas
atualizações nos periféricos, para melhor adequação às demandas dos
consumidores.
Opala 1979 - Comodoro |
Caravan - 1976 |
Em 1979 surgiu a Stock Car, que
usava apenas Opalas como carro de corrida e era patrocinada pela Chevrolet, o
primeiro campeão foi Paulo Gomes.
Opala 1979 - Paulo Gomes |
A transição para a 3° geração foi
gradual e levou quase um ano para acontecer totalmente, enquanto a carroceria
apresentava um visual totalmente novo, abandonando os faróis e lanternas
redondos e apresentando linhas mais retas e compatíveis com os anos 80, o
interior e algumas peças internas eram exatamente os mesmos dos da geração
anterior, o que só foi modificado a partir de 1982.
Opala SS - 1980 |
A terceira geração também decretou o fim do
modelo SS, sendo o último fabricado no ano de 1980, porém apresentou um novo
modelo topo de linha, o Diplomata.
Outra novidade da terceira geração foi a
implantação dos motores a álcool, primeiramente os 4 cilindros, já em 1980 e em
1985 foi a vez dos 6 cilindros serem adaptados ao álcool, essa modificação foi
incentivada pelo Pró-álcool, um programa do governo que visava aumentar o
consumo do combustível derivado da cana – de – açúcar e diminuir a dependência de
derivados do petróleo.
A partir da segunda metade da
década de 80 o nome Opala praticamente deixou de ser usado, ficando apenas nomenclaturas
Comodoro e Diplomada, tanto para os carros como para as Caravans, outra
modificação foi a finalização dos Opalas Cupês em 1987, ficando apenas os
sedans até 1992 quando o Opala deixou de ser fabricado.
Em 1991 foi lançado um dos modelos mais
elegantes de toda a história do Opala, os Diplomatas de 1991 e 1992 possuíam para-choques
envolventes, grade com um desenho mais limpo e máscaras negras nas lanternas, o
que deixava o carro com um requinte incomparável, mas não foi só no visual que
vieram melhorias, um dos defeitos crônicos dos motores de Opala foi finalmente
sanado, o vazamento pelo mancal traseiro do motor, com a instalação de novos
retentores no lugar das gaxetas, também foram os únicos modelos a terem freios
a disco nas quatro rodas.
Diplomata Collectors - 1992 |
Assim em Abril de 1992 os últimos
Diplomatas deixavam as linhas de montagem da Chevrolet, 24 anos depois do
lançamento do Opala e de 1 milhão de unidade produzidas, para celebrar a
despedida a Chevrolet lançou o Diplomata Collectors, com uma produção de 100
unidades, o carro tinha emblemas dourados, chaves banhadas a ouro e uma fita
VHS especialmente produzida que contava a história do Opala em seus 24 anos de
linha de montagem.
Obviamente esse texto não representa
nem um terço da história desse veículo fantástico, e seria preciso mais
postagens para contar mais detalhes, e também confesso que estou guardando uma
carta na manga para as postagens de 50 anos do Opala. O que importa é como uma
máquina pode mexer tanto com a imaginação de pessoas como nós, apaixonados por
carro.
A paixão por carros, aliás, não é uma coisa
que se aprende, que se adquire, ela já nasce com você, está no sangue e que
passa por gerações. No meu caso, desde que me lembro por gente existe um Opala
na garagem, inclusive é o mesmo Opala com que eu vou aos encontros hoje. Quando
meu pai tirou sua habilitação de motorista foi o carro que ele comprou e que
teve vários outros modelos, quando eu tirei minha habilitação, foi o primeiro
carro que dirigi e ainda dirijo, aquele que sonhei minha infância inteira para
poder conduzir e sentir sua vibração.
Tudo isso nos torna apaixonados
por Opalas e por carros antigos, cheiro de gasolina e ferrugem.
Se você também é apaixonado por
Opalas não deixe de conferir como foi o encontro de Opalas de Piracicaba/SP e
se encantar com os belos modelos que estavam presentes.
E veja também a história de um apaixonado por Opala aqui de Cerquilho.
Texto: Edmilson Gaiotto Jr
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